Os répteis estão se tornando cada vez mais populares como animais de estimação. Com as temperaturas caindo no Rio Grande do Sul, é importante tomarmos alguns cuidados básicos com a saúde, com o ambiente e a alimentação dos nossos animais (jabutis, tartarugas, serpentes e lagartos). Como possuem o metabolismo mais lento em comparação com os mamíferos, principalmente no inverno, esses animais tem muita dificuldade em realizar e manter suas funções fisiológicas, como apreensão de alimentos, digestão, absorção de nutrientes e excreção. A diminuição do fotoperíodo (diminuição das horas de luminosidade do dia), aliado ao baixo metabolismo faz com que muitos deles entrem em um estado de hibernação, podendo ficar em jejum por longos períodos - não sendo o adequado pois podem ficar debilitados e não expressarem sinais de doença -¹. São animais ectotérmicos e não possuem mecanismos fisiológicos intrínsecos termorreguladores (não conseguem gerar o próprio calor), assim, utilizam fontes externas para regular a temperatura corporal. Logo, a temperatura corporal desses animais sofre a influência da temperatura do ambiente. Em geral, a temperatura ideal está entre 20ºC e 32ºC².
Se você tem como bichinho de estimação um desses adoráveis répteis, (jabutis, tartarugas, serpentes e lagartos), a exposição à luz solar é fundamental, pois auxilia na síntese da vitamina D3, responsável pela assimilação do cálcio, importante para a formação do casco. Os banhos de sol em horário e local adequados, fazem com que os animais se alimentem melhor, fiquem mais ativos e resistentes. Também são importantes para prevenir fungos e ajudar na cicatrização de ferimentos. A forma como as tartarugas são expostas ao sol deve sempre permitir que elas optem em estar, ou não, diretamente sob os raios solares.
Caso as tartarugas habitantes de aquaterrários não possam estar expostas aos raios solares regularmente, estes devem ser substituídos por uma iluminação artificial. Podem ser utilizadas lâmpadas UVB.
E fica a dica. Para aquecer o seu réptil no inverno, podem ser utilizados aquecedores de cerâmica, placas, rochas, tocas, pedras de aquecimento, lâmpadas infravermelhas e ser utilizado para controle da temperatura um termostato, tendo-se o cuidado com queimaduras nesses animais, que podem levar ao óbito³.
Consulte um médico veterinário para manter a saúde e bem-estar do seu réptil em dia!
Gabriela Lindemayer
Médica Veterinária
¹ Os répteis e outras espécies exóticas que são consideradas presas em potencial têm menos probabilidade de exibirem comportamentos evidentes associados à dor, com a finalidade de não serem vistos como doentes por seus predadores.
² Os répteis ocorrem em praticamente todos os ecossistemas brasileiros e, por serem ectotérmicos, são especialmente diversos e abundantes nas regiões mais quentes do país. ³A utilização de termômetros de máxima e mínima auxiliará na monitoração da variação da temperatura a que os répteis estão expostos.
Referências:
BAYS, T.B.; LIGHTFOOT. T.; MAYER. J. Comportamento de Animais Exóticos de Companhia. São Paulo: Roca, 2009.
CUBAS, S. C.; SILVA, J. C. R.; CATÃO-DIAS, J. L. Tratado de animais selvagens. São Paulo: Roca, 2007. 1354 p.
CUBAS, S.C.; SILVA, J.C.R.; CATÃO-DIAS, J.L. Tratado de animais selvagens. São Paulo: Roca, 2017. 225p.
JEPSON, L. Clínica de Animais Exóticos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 360,361p.
MARTINS, M.; MOLINA. F.B. Panorama Geral dos Répteis Ameaçados do Brasil. Universidade de São Paulo.
TROIANO, J.C. Doenças dos Répteis. São Paulo: MedVet, 2018.
Alexandre Pessoa: Cuidados Básicos com os Répteis no Inverno, 2013. Disponível em: http://animalexotico.com.br/site/blog/2013/05/22/cuidados-basicos-com-os-repteis-no-inverno/#more-550
Tartarugas Aquáticas Curiosidades e Cuidados 2019 disponível em: http://alconpet.com.br/download/guias/guia-tartarugas-aquaticas.pdf
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