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A imunodeficiência viral felina ou AIDS felina (FIV) e a leucemia viral felina (FeLV) estão entre as doenças infecciosas mais comuns em gatos domésticos em todo o mundo¹.
São doenças sistêmicas, imunomediadas e progressivamente fatais, que atingem não somente gatos domésticos como felinos selvagens (HORA; TARANTI; RECHE Jr., 2007)².
As infecções chamadas de retrovirais (FIV e FeLV) possuem caráter vitalício (não possuem cura), e tem impacto significativo na saúde e no bem-estar dos gatos infectados. Para prevenir novas infecções e otimizar os cuidados com a saúde dos gatos infectados, sugere-se que o estado de infecção de todos os gatos seja conhecida, e, portanto, recomenda-se testar (testes rápidos) os gatos para FIV/FeLV logo que eles forem adquiridos ou quando apresentarem os sintomas das doenças.³
Ainda, sugere-se que os gatos devem ser testados: (AUGUST, 2011).
previamente à vacinação;
quando o estilo de vida do animal se modificar;
na hipótese de doação de sangue;
quando forem expostos a gatos potencialmente infectados; e,
quando tem acesso às ruas.
As taxas mais altas de infecção têm sido encontradas em gatos machos adultos com livre acesso às ruas, os quais, frequentemente, apresentam comportamento agressivo (através de mordeduras).
O vírus da FIV⁴ pode ser transmitido: (COUTO, 2015)
por coito ou inseminação artificial, já que o vírus está presente no sêmen dos gatos infectados;
por transmissão transplacentária (durante a gestação ocorrendo a transmissão da fêmea para seus filhotes);
por utilização compartilhada de comedouros e bebedouros com gatos infectados, pode ser uma fonte, mas é incomum.
Já, as principais vias de infecção do FeLV⁵ são: (COUTO, 2015)
contato prolongado com a saliva e as secreções nasais de um gato infectado;
a lambedura ou o compartilhamento prolongado das fontes de água ou de alimentos comuns, efetivamente resultam em infecção (comportamento social dos felinos).
O vírus não sobrevive no ambiente. A transmissão pelas fezes, urina ou por aerossóis é pouco provável.⁶
Além disso, existe o potencial risco de transmissão com o uso de agulhas e instrumentos cirúrgicos contaminados e a transfusão de sangue infeccioso em gatos não infectados. Outros modos de transmissão vertical são através do colostro e do leite durante a amamentação. A pulga do gato (ctenocephalides felis) também pode infectar um gato sadio ao mordê-lo, se esta tiver contato anterior com o sangue de um gato contaminado (COLADO, 2010).
Muitos dos fatores de risco relacionados com a ocorrência dessas infecções estão presentes em nosso meio e incluem o contato e as brigas com gatos soropositivos, presença de gatos não castrados com acesso à rua, superpopulações em abrigos e gatis.
Portanto, a manutenção dos gatos dentro de casa para evitar brigas e o exame dos novos gatos antes de serem introduzidos em uma casa que tenha múltiplos gatos FIV/FeLV negativos, pode evitar a maioria dos casos desses vírus.
Outra característica relevante é que os vírus são suscetíveis à maioria dos desinfetantes de rotina. A limpeza das caixas de areia e comedouros compartilhados por gatos com água fervente e detergente, inativa-os.
A imunodeficiência felina (FIV) e a leucemia felina (FeLV) não possuem uma cura, por isso é essencial que o tutor se dedique na prevenção destas enfermidades.
No próximo post vamos falar sobre como tratar o gato positivo para FIV e/ou FeLV. Acompanhe!
Gabriela Lindemayer
Médica Veterinária
¹ Segundo HARTMANN, 2006 as prevalências variam de 1% a 44% da população em relação a FIV e de 1 a 38% em relação a FeLV.
² Os retrovírus que causam a leucemia e a imunodeficiência felina infectam as células do sistema imune, conduzem à imunossupressão e à predisposição a doenças oportunistas de natureza infecto-parasitária ou a comorbidades, tais como o linfoma, as discrasias sanguíneas, as neuropatias, as doenças do globo ocular e da cavidade oral (LITTLE, 2011)
³ A American Association of Feline Practitioner´s faz sugestão de testagem para conhecer e definir protocolos de acompanhamento da doença.
⁴ O vírus da FIV é morfologicamente semelhante ao vírus da imunodeficiência humana (HIV).
⁵ A leucemia viral felina é causada por um retrovírus (FeLV) que provoca alterações no sistema imunitário do animal causando imunossupressão, tumores malignos, leucemia e anemia grave, entre outras complicações secundárias. Os gatos infectados podem não apresentar todos os sintomas, mas só alguns deles, ou mesmo não apresentar nenhum sinal clínico, parecendo completamente saudável. Este vírus tem a capacidade de causar infecção latente, ou seja, pode ficar “escondido” nas células do animal por muito tempo, ou mesmo anos, sem se manifestar, possibilitando e criando condições favoráveis para instalação de vários tipos de doenças oportunistas secundárias ou o crescimento de tumores malignos e leucemia. Os animais infectados assintomáticos são uma fonte de propagação da doença e excretam sistematicamente o vírus para o meio ambiente.
⁶ A vacinação de gatos que não foram previamente expostos ao FeLV deve ser considerada apenas em gatos que apresentam alto risco de exposição, porém os tutores devem ser informados de que a eficácia é inferior a 100%. A vacinação de gatos positivos para FeLV não se beneficiam da vacinação. A vacinação pode estar relacionada com o desenvolvimento de fibrossarcoma em alguns gatos (COUTO, 2015).
Referências Bibliográficas:
August. John R. Medicina Interna de Felinos. Rio de Janeiro; Elsevier, 2011.
Colado, Maria Luisa. Enfermedades Infecciosas Felinas. Zaragoza- Espanha: Servet, 2010.
NELSON RW, COUTO CG. Medicina interna de pequenos animais. 5.ed. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015.
Ramsey, Ian K; Tennant, Brn J. Manual de Doenças Infecciosas em Cães e Gatos. São Paulo: Roca, 2010.
Rosenfeld, Andrew J. Prática Veterinária, uma abordagem didática. São Paulo: 2010.
Zachary, James F. Bases da Patologia em Veterinária. São Paulo: Elsevier, 2013.
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